sábado, 23 de junho de 2012

Apaixone-se por mim. 
Não um amor de mesa posta, 
talheres de prata, toalha de renda. 
Não um amor de terça-feira, água morna, gaveta arrumada. Apaixone-se por mim no meio de uma tarde de chuva,
rua alagada, 
rosas na mão, um amor faminto, urgente, latejante, um amor de carne, sangue e vazantes,.
Um amor inadiável de perder o rumo,
o prumo e o norte,
me ame um amor de morte.
Não me dê um amor adestrado que senta, deita, rola e finge de morto, que late, lambe e dorme.
Apaixone-se felino, sorrateiramente e assim que eu me distrair, me crave os dentes, as unhas, role comigo e perca-se em mim e seja tão grande a ponto de me deixar perder.
Ame minhas curvas, minha vulva, minha carne, me fecunde e se espalhe por meus versos, meus reversos, meus entalhes. Faça eu me sentir amada, desejada, glorificada em corpo e espírito que eu nunca soube o que é ser de alguém, mas preciso que me ensines, que me fales, que me cales, amém.  ( Patrícia Antoniete )


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